Aquicultura: Os conflitos pelos usos do território
Quando a produção de alimento e o turismo disputam o mesmo territórios.
O futuro da alimentação humana encontra-se intrinsecamente ligado à produção aquícola. Com a expetativa do aumento da população do planeta atingir 10 bilhões de pessoas em 2050, espera-se um grande aumento da necessidade de consumo de proteína animal. A aquicultura constitui a forma mais saudável de produção de proteína animal de qualidade e de forma ambientalmente amigável. Acresce ainda que, atualmente, é a indústria alimentar que mais tem crescido a nível mundial.
De acordo com o relatório anual do FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) sobre o estado das pescas e da aquicultura no mundo, pela primeira vez em 2014, a produção aquícola mundial excedeu a obtida pelas capturas, atingindo 101,1 milhões de toneladas, o que representa 52% de toda a produção de peixe (195,7 milhões de toneladas). Mesmo perante estes factos, no que se refere à importância da produção aquícola para a continuidade da espécie humana, a falta de literacia da sociedade civil, relativa a este tema, tem colocado o desenvolvimento desta atividade debaixo de um teto de forte contestação.
A aquicultura, como qualquer outra atividade económica, tem impactos. A minimização desses impactos é que deve ser trabalhada, por forma a atingir-se a sustentabilidade ecológica a par da viabilidade económica e coesão social. E isso é possível, colocando a conhecimento, inovação e a tecnologia ao serviço da aquicultura.
Há que ter em conta que o desenvolvimento sustentável da aquicultura é determinante para aliviar a pressão sobre os stocks de peixes selvagens, ao mesmo tempo que se garante alimento para a crescente população mundial. As alterações climáticas e a pressão das atividades antropogénicas sobre os mares e oceanos têm colocado em stress os ecossistemas marinhos, condenando a saúde dos mares e oceanos, o que a curto prazo terá sérios impactos na qualidade de vida da humanidade.
O cidadão comum está habituado a olhar para o mar ou de forma contemplativa ou para usufruto de banhos e/ou passeios náuticos na época balnear. É verdade que, de acordo com a Conta Satélite do Mar, dois terços da economia azul provêm do turismo.
No entanto, terá o cidadão comum a noção dos impactos económicos, sociais e ambientais do turismo?
Saberá quanto custa ao ambiente um navio de cruzeiro (residuos, águas poluídas, emissões de dióxido de carbono, animais marinhos mortos…)? Terá noção da especulação imobiliária que se gera nos sítios mais visitados? Da desertificação de zonas tradicionais, em centros urbanos? Isto sem ter em conta quer a sazonalidade quer a volatilidade inerente à atividade turística.
Portanto, se se pesarem os prós e os contras dos impactos ambientais das atividades turísticas e da aquicultura, depressa se chega à conclusão de que nem são comparáveis nem se deve preferir um em detrimento do outro. Mas esta é a exploração económica que se entende fazer das águas oceânicas portuguesas, preferindo-se o turismo, esquecendo que somos o povo que mais peixe consome e que possuímos águas de elevada qualidade para garantir a criação de peixes de forma responsável, apostando numa verdadeira economia azul, respeitadora das partes ambiental, económica e sociocultural. Tudo isto sem esquecer que a alimentação se encontra na base da nossa sobrevivência, para a qual a aquicultura se torna essencial. Mais, a aquicultura em mar aberto pode explorar-se também do ponto de vista turístico, com visitas às jaulas e mergulho, sem perturbar o ecossistema, uma vez que esses peixes estão habituados à presença humana e a encaram tranquilamente.
É neste sentido que se deve atuar, fornecer à aquicultura ferramentas que garantam a sua sustentabilidade, o que se consegue através de soluções tecnológicas inovadoras. A Bluegrowth é uma empresa portuguesa comprometida em apoiar o setor empresarial que integra a Economia Azul, na implementação de processos produtivos inteligentes e responsáveis para com sociedade e o meio ambiente.
A Bluegrowth desenvolve soluções tecnológicas inovadoras, compreendendo a utilização de robótica, da sensorização inteligente e da computação avançada que procuram responder ao desafio de estimular a produção em aquicultura, ao mesmo tempo que se alcançam elevados padrões de qualidade ambiental.
Com o controlo inteligente do processo produtivo, consegue-se garantir que a aquicultura se desenvolve de forma ecológica, socialmente responsável e considerando a qualidade e segurança alimentar, tal como o bem-estar animal.
Este novo paradigma de produção - assente no conhecimento, inovação e tecnologia - abre, ainda, as portas para a criação de postos de trabalho altamente qualificados, ao invés da promoção dos recursos indiferenciado que em muito é estimulada por algumas atividades económicas que usam e impactam com os nossos rios e oceanos.
Comentários
Enviar um comentário